Olhar para trás nem sempre é retroceder.

Olhar para trás nem sempre é retroceder.

domingo, 21 de dezembro de 2014

O ciclo


Queria viajar com você e perceber que não são os lugares que escrevem nossa história;

Queria deitar com você e notar que o tempo não apagou a chama que proporcionou o primeiro beijo;

Queria navegar com você por mares revoltos só para confirmar que terei sempre a sua companhia a cada tempestade;

Queria ter a certeza que hoje desapareceu;

Sumiu no dia a dia corrido;

No esquecimento de um bom dia;

No afago cada vez mais raro da noite;

No olhar infeliz que já não conta com os abraços despretensiosos;

Até a pipoca das tardes frias regadas a bons filmes sumiu levada pela falta de ‘apetite’;

Queria ter a certeza de que tudo ainda respira mesmo diante de tantas provas contrárias;

Há males rondando o brilho, ofuscando o sorriso e maltratando a magia;

Penso no futuro e confesso que ele se encontra obscuro e pode renascer ou sepultar meus mais profundos sonhos;

Agora busco a minha própria contemplação. Na dor do Ser descubro os meus sonhos ainda não realizados, os morangos ainda não colhidos, as fotos dispensadas, os amores poupados, as tentações evitadas e as dores desnecessárias;

Sou o resumo de meus erros e acertos e na contabilidade da vida possuo saldo positivo que não é garantia de uma nova janela rumo ao recomeço.  

Cláudio Andrade


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