Queria viajar com você e perceber
que não são os lugares que escrevem nossa história;
Queria deitar com você e notar
que o tempo não apagou a chama que proporcionou o primeiro beijo;
Queria navegar com você por mares
revoltos só para confirmar que terei sempre a sua companhia a cada tempestade;
Queria ter a certeza que hoje
desapareceu;
Sumiu no dia a dia corrido;
No esquecimento de um bom dia;
No afago cada vez mais raro da
noite;
No olhar infeliz que já não conta
com os abraços despretensiosos;
Até a pipoca das tardes frias regadas
a bons filmes sumiu levada pela falta de ‘apetite’;
Queria ter a certeza de que tudo
ainda respira mesmo diante de tantas provas contrárias;
Há males rondando o brilho,
ofuscando o sorriso e maltratando a magia;
Penso no futuro e confesso que ele
se encontra obscuro e pode renascer ou sepultar meus mais profundos sonhos;
Agora busco a minha própria
contemplação. Na dor do Ser descubro os meus sonhos ainda não realizados, os
morangos ainda não colhidos, as fotos dispensadas, os amores poupados, as
tentações evitadas e as dores desnecessárias;
Sou o resumo de meus erros e
acertos e na contabilidade da vida possuo saldo positivo que não é garantia de
uma nova janela rumo ao recomeço.
Cláudio Andrade
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