Olhar para trás nem sempre é retroceder.

Olhar para trás nem sempre é retroceder.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Ao encontro de você.




Hoje a noite é de saudade, essa companheira sorrateira que aparece do nada, espeta nosso peito e provoca nosso coração. 

Da janela vejo a chuva cair e o cheiro de terra molhada invade o quarto e beija a cama onde ao meu lado, o vazio me faz lembrar a sua ausência física que insiste em povoar meus pensamentos.

A solidão não é a minha companheira, mas ela é irmã da companhia e é, das irmãs, a única certa, quando você não está presente.

Os dias tem sido duros como  a rocha, mas é verdade que o amor é um mecanismo que amacia o áspero das pedras fazendo a água jorrar de onde o deserto já decretou a seca.

Já chorei por mim, por você, pelo passado e pelo futuro. Já sei que nunca mais nada será igual e que o corpo voltará a tremer, mas os gatilhos do desequilibrio terão nome e endereço.

Fechei os olhos e imaginei a brisa gelada que não causa frio e sim uma paz interior que só os bons espíritos podem nos oferecer. Abro os braços e os recebo como dádiva, como presente de alguém que deve me amar e querer estar comigo, ao meu lado, respirando o mesmo ar.

A pé desafio a madrugada e quando olho para o chão não sei se estou na areia ou no cimento duro. Pelo menos me vejo lambendo as feridas e refazendo meu trilho, tão covardemente descarilhado.

As lágrimas de ódio, dor e humilhação são tão reais que penso que estou em outro mundo, sendo julgado pela suprema corte dos céus. As vestes que se foram levaram um pouco do meu corpo, do meu suor, do meu esforço, da minha pele, do meu dizer e do meu calar.

Agora olho para o céus e vejo o arco íris. Não vislumbro todas as cores, mas sinto cada pincel, cada brilho e cada sinal de esperança.

Clamo por amor, por companhia, por colo, por cheiro, por defesa. Quero um forte cheio de soldados espirituais me defendendo e me representando diante dos meus julgadores.

Meus tesouros estão longe e luto para não perdê-los de vista. Seguem no meu âmago a saudade de quem não partiu, mas que representa a imensidão do meu ser.

Quero abrir os braços para matar a solidão preenchendo você com o meu amor infinito e inesgotável. 

Verdade que não posso depositar em você a chave das minhas respostas, mas abro, aos poucos, janelas de esperança de que você seja, quem sabe, a cura para a minha profunda dúvida acerca do conceito de amar.

Que Deus solte o meu peito e que meu coração vague na carona dos meus sonhos e chegue até você. Quero viver o presente real e que o sofrimento do dia a dia seja tão pobre de espírito que não represente uma gota sequer de melancolia.

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